domingo, 22 de março de 2009

Do âmago (carta aos amigos)

Nunca vou me conformar com amor pingado_ uma ligação no natal, um parabéns virtual, falta de atenção pros detalhes, silêncio quando se precisa ouvir tanto_ nunca vou me aquietar porque dizem por ai que temos que nos conformar com o que a vida é e algumas pessoas são... Mas EU sou difícil? Sim, sou. E cheia de expectativas? Sim, tenho.

Então por que me calo quando ligo a TV todas as manhãs e um pai estuprou uma filha, e uma mulher espancou um bebê, um pré-adolescente é assaltante e um homem rouba pra se drogar? Eu me calo porque me acho pequena pra consertar esses problemas, porque eles parecem longe de mim e eu me acovardo diante disso, mas mesmo assim sinto doer essa falta de amor, sinto roer minha pureza essa falta de escrúpulos, sinto meu caráter dissolver...

Eu vou começar por não deixar o amor acabar perto de mim, eu só não quero fechar os olhos quando um vizinho precisar de ajuda porque se acidentou, não quero fingir não ouvir quando minha mãe mostrar uma fraqueza, não quero fingir não ter nada a ver quando um amigo precisar, porque eu posso ser carinho, atenção, colo, sossego, alegria, dinheiro, uma palavra, um guia... Eu não quero ver o amor acabar por falta de iniciativa, por vergonha de se mostrar, por medo de arriscar um passo.

A verdade é que eu comecei esse texto pra falar dos meus amigos, pra tentar fazê-los entender porque cobro tanto, é que mesmo tendo tantas falhas eu não me escondo, eu firo as pessoas que mais amo com minhas verdades, mas eu as amo quando ofereço isso a elas, eu sou essa verdade, eu sou essa carência de olhar, sou essa necessidade de ouvir, sou essa vontade de ter, eu não amo de graça, uma vez disse isso a um deles, mas não é esperando que me amem à altura que eu boto esse amor, mas que me retribuam com verdade, que não pensem que por amar aceito menos, pouco, coisa qualquer... Por amar espero mais, nunca me satisfaço nunca me conformo, por amar mereço o melhor, e não é o melhor envolto pela ética e pela moral, é o melhor de cada um com os remendos que os tropeços da vida nos obrigam a ter, é o melhor doando a alma, ainda que essa alma pareça não ter espaço de tanto guardar os entulhos do tempo, isso é a verdade, isso é o melhor.

Quero me rodear de amigos que não hesitem em viver, que não se limitem ao que saibam que não se resumam aos personagens que criamos de nós mesmos... Quero amigos que não pensem antes de atender a um pedido, que não recusem viagens e saídas por uma bobagem qualquer, que não neguem um auxílio, que não se omitam se o outro precisar, mais, quero amigos que com o olhar enxerguem! Se eu faço isso para os meus amigos? Eu tento. Eu não faço certo sempre e nem gostaria de fazer, mas dou meu coração e já nem sei se isso os sufoca ou faz bem, não sei se as pessoas querem mesmo o que temos pra dar, porque por dar-mos, esperamos. Não sei se as pessoas têm mesmo o que dar umas as outras, ou se só quando lhes convém... E isso não é dar, é explorar, é fingir, é mentira.

Pois eu não quero o amor quando ele convém, eu quero o amor sempre, e não quero meus amigos sempre, mas quando assim convém...

Eu tenho amigos, são vocês os meus amigos, quando tiver histórias pra contar é de vocês que eu vou estar falando, e mesmo que as histórias diminuam ou outras pessoas façam parte ou tomem conta, vocês vão estar lá tomando conta de um pedaço de mim quando essas lembranças me pegarem, porque as lembranças sempre me pegam afinal... Mas eu queria dizer lá no começo que minha cobrança quer dizer amar, quer dizer precisar, e se eu preciso é porque alguma coisa de vocês cabe em mim, e às vezes pode ser exatamente o que falta.

Eu quis dizer que eu cobro dos meus amigos porque só eles podem cumprir, porque só eles significam isso que os amigos devem ser, alguns amigos os são porque alguma coisa ou um momento os obrigou a isso, outros são porque precisamos deles mesmo que alguma coisa ou um momento nos obrigue a fingir que não.

Os meus amigos se escondem demais, pra uma pessoa com emoções aflorando a segundos isso barra um entendimento, mas num momento, em algum lugar dessa história que foi e é nossa houve um entendimento que ultrapassa tantas diferenças, e aí dissemos: somos amigos. E alguns, até com muita dificuldade disseram: amo vocês.

Pois eu, que nunca me escondi nem sufoquei minhas palavras, e que por isso me faço com tantas diferenças, digo: somos amigos. E pra todos, sem equívocos... Amo vocês.

sábado, 14 de março de 2009

Carta de um frango

Galinheiro, 11 de março de 2009

Caro dono desse galinheiro,

Estou escrevendo essa carta em nome de todo o galinheiro. Estamos começando a ficar preocupados com a sua ausência. Faz mais de uma semana que você não aparece por aqui. E você sabe o que isso significa? Estamos com fome, sede e carentes de atenção.

Você acha certo deixar pobres animais como nós sofrendo? Isso é crime, sabia? Estávamos quase ligando pro IBAMA para te denunciar, mas pensamos duas vezes e resolvemos mandar essa carta antes.

Os leitores estão começando a ficar preocupados. Sim, nós temos leitores. Pessoas que entram e perguntam o que está acontecendo, porque não estamos aparecendo com frequência, porque o galinheiro está tão jogado às moscas.

E sabe o que a gente responde a eles? Nada, afinal o único que sabe escrever aqui é você. Eles vêm aqui e a gente fica tentando inventar desculpas para a falta de posts. Mas saiba que isso é tudo culpa sua.

Nós também entendemos que você foi idiota o suficiente para se envolver em muito trabalho nesse semestre. Sabemos que você sai daqui da fazenda cedo e só chega à noite, mas isso não é desculpa. Se você quis abraçar o mundo, o problema não é nosso. Assuma seus compromissos feitos conosco e venha aqui mais vezes.

Aliás, se não agüenta aperta o botão vermelho e pede para sair. Isso mesmo! Estou mandando você desistir de alguma coisa enquanto ainda dá tempo. Uma faculdade diurna, dois blogs (por enquanto), dois estágios... isso ainda vai te matar.

Quando a gente te manda sair é para o seu bem. Estamos realmente preocupados. Até aquela gorda com celulite resolver não ficar no meu pé e começou a se encher de preocupações.

Tudo isso foi pra perguntar se você vai manter esse troço atualizado ou vai continuar na mesma. Se for manter o estilo de vida, então eu vou aceitar a proposta que me fizeram da Record e vou estrelar a próxima temporada dos Mutantes... com certeza vai ser melhor que ficar aqui a toa!

Um abraço de sua criação,
O Frango (em nome de o galinheiro) ...

sábado, 7 de março de 2009

Carta aos moradores da Rua 13 bairro Barroso

FEDERAÇÃO NACIONAL DE DESOCUPADOS (AS) FOFOQUEIROS (AS)E QUASE CIDADÃO OU CIDADÃ DO BRASIL
Caro amigo, que neste momento não está fazendo nada, vive uma vida mansa sem nenhuma preocupação ou problema, não tira o olho da rua e já esta até observando seus adjacentes e vizinhos, esta é a sua chance venha participar do maior evento da (FNDFQCCB) no Brasil. Esta convocação é para todas as idades, observe também se você está neste perfil:

* tem de 0 a 99 anos
* ja é mocinha mas não arranja namorado
* vai ao colégio mais não faz a tarefa de casa
* não gosta de estudar, nem é budista
* é tímido (a) ou tem um bom relacionamento com a mão ou dedo
* é encalhada, balzaquiana ?solteirona?
* não gosta do interior da sua casa
* é aposentado (a) ou vive de renda
* gosta de expor-se ao ridículo
* inventa aquela velha desculpa que vai tomar um ventinho
* não gosta mais de sexo
* é biriteiro (a), pinguço (a) ou gosta de cachaça
* tem tempo o dia todo e a noitinha
* não dorme cedo mas acorda cedinho
* vive com mulher ou homem feio
* tem um marido que não chega junto
* é triste bisonho (a) e procura alguém pior para comparar-se
* vive se metendo nos assuntos alhéios ou serviços públicos
* e entre outras peculiaridades mundanas gosta de fofoca

O nosso endereço está em qualquer lugar deste Brasil. No bar, nas calçadas, na esquina, na fresta da porta, na sombra das árvores, no trabalho, nas inocentes festinhas de aniversário, no cabeleireiro/manicure. Em qualquer lugar que o ócio superar a inteligência, sensatez, o amore a cidadania.
  • Carta enviada por Josil